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Morro Sul da Serra do Palermo



 Eis o mandamento: Não subestimarás o objetivo. Já pequei com esse muitas vezes, e em quantidade impressionante. Mas deem um desconto, quem olha um morrinho como esse, não espera problemas. E não haveria se as decisões posteriores ao início não levassem á isso. 
 Um sábado á tarde resolvo tirar o morrinho á limpo. A sequência de 3 cumezinhos ao sul da serra são os mais próximos da área urbana de Tijucas do Sul, após cerca de 15 minutos de uma estrada de chão razoavelmente boa. Nos últimos metros antes de parar o carro é que surge um curto trecho numa baixada, onde o solo é extremamente escorregadio para o carro, e de considerável facilidade para um carro de tração 4x2 atolar. Quase foi o meu caso - se a última chuva tivesse sido mais recente, teria ficado. Na volta, resolvo passar só um pouco mais rápido para tentar evitar o risco de atolar. Por alguns metros perco completamente o controle do carro, se fosse mais rápido, talvez fosse inevitável não enfia-lo no mato.
 Começo a trilha estimando-o finaliza-la em no máximo meia hora. Tracks de 1.6km e 160 metros de ganho, supostamente abertos e fitados, meia hora seria realmente chutando muito alto mesmo. Mas eu já sabia de que esses tracks e a própria trilha em si não levavam até o cume, mas sim até um sub-cume com vias de escalada. Mas que fosse.
 Trilha bem tranquila nos primeiros momentos, até que após cerca de 900 metros, a trilha fecha bruscamente, isso logo após duas fitas bem claras. Varo o mato ao redor, bem fechado, e nada de seguir adiante, mesmo insistindo no caminho dos tracks. Um pouco adiante disso, uma outra trilha, mais fechada que a anterior, pelo menos ainda dava as caras por ali. Ela ia até um pouco adiante, até desaparecer, e onde outra, ainda um pouco mais afastada, surgia perto dali. Tudo muito confuso, e cada vez mais distantes dos tracks, porém, mais direcionadas com o cume. Mesmo desaparecendo adiante, decido fazer meu caminho e chegar no cume ou em algum lugar bom perto dele, já que haviam diversas rochas vistas por satélite. O primeiro problema surge aí, porque na pressa e confiando na simplicidade, eu havia partido do carro sem o facão ou a perneira. O facão fazia a maior falta, tornando o vara mato lento, e não deixando-o tão claro para o retorno. Mas eu sabia que o objetivo estava á 200 metros dali, então só vai. Oque dificultava era o quão íngreme alguns locais eram, sem árvores firmes para se apoiar, contornando grandes rochas, e com certas áreas com exposição á quedas. Mas em geral era seguro, por enquanto... Cheguei ao topo de uma rocha, e após avistar uma próxima ainda melhor, contornei-a e subi. Dali ficou claro que eu estava o mais próximo do cume em área aberta possível, fazendo dali o ponto final da subida. Ao pegar o celular, me surpreendi pelo tempo que havia gasto nas partes fechadas, levando mais de uma hora para subir. Do cume, dava pra ver o mirante das vias de escaladas próximo dali, o cume do morro maior da serra, a Torre do Palermo, o Morro Descampado do Palermo - que já publiquei sobre, e também o Morro da Lagoinha da Serra do Piador, a mais próxima da área urbana de Tijucas, que planejava ir se não fosse o tempo.
 Beleza, só descer. Por precaução, havia observado e utilizado de uma árvore, em um trecho mais crítico pouco antes do término da subida, que demarcava o caminho por onde eu vim pois já temia que outras opções não seriam tão seguras. Mas também contava com o meu tracklog gravando. Mas na hora de descer eu, segui corretamente os passos, e não á encontrei. Até encontrei uma semelhante, mas que levava á uma exposição muito arriscada abaixo dela. Será mesmo que eu teria subido por ali? Parecia meio cagada e resolvi procurar melhor, ou já começar a cogitar outro caminho.
 Procurando tanto para um lado tanto para o outro, tudo se mostrava pior. Mas pior mesmo. Pior de tipo que mesmo que eu consiga descer um pouco, ali mais pra baixo eu me quebro. Volto na árvore suspeita, tento descer pra ver... E não, realmente eu não poderia ter subido por aqui. Pra piorar, o track que marcava deu uma leve bagunçada, mas ainda sugeria um pouco que ali teria sido o caminho. Mas sério, se subir pareceu seguro, descer certamente não era, ainda mais sozinho. Procurei mais, e nada. Pra piorar, o sol se cobriu prematuramente atrás de densas nuvens mais cedo, e parece que o tempo passava mais rápido do que o normal, trazendo rapidamente a noite, oque obviamente pioraria a noite. Pelo menos não fui imprudente o suficiente de não ter metido as duas lanternas de cabeça na mochila naquela tarde.
 Por fim, acho um desvio mais seguro e uso-o para aproxima-lo da minha track de subida. Inclusive vendo-o parece que tudo se tratou de uma área tão pequena, e se tratou mesmo, mas o quão íngreme os locais eram me preocupavam de fazer uma burrada ali que me lesiona-se. Pra piorar, nesse dia ainda fui com um bendito tênis de corrida, ao invés da bota habitual de trilha. Achei a minha "picada" e dali em diante fui sem mais problemas.