
Uma faixa montanhosa de quase 14km que se estende no horizonte de quem trafega na BR-376 sentido sul, em São José dos Pinhais. Um estado repleto de montanhistas de todos os tipos, como também um estado referência nesta prática. As demais serras daqui repletas de conquistas e trilhas, e enquanto tudo isso, raríssimos registros nas redes sociais sobre pessoas interessadas em saber mais sobre aquela região tão visível aos olhos, além de poucos relatos e mídias á respeito.
Na Serra do Salto há 12 morros notáveis, e 9 cachoeiras das quais eu tenho conhecimento. As cachoeiras possuem certa fama: A dos Ciganos principalmente, mas há também o Saltinho da Malhada (que de saltinho não tem nada) e as Cachoeiras da Panagro. Dos morros, o único que é um pouco mais conhecido é o Morro Redondo, que ficou meio em evidência enquanto se procurava alternativas aos Parques Estaduais durante a pandemia. Foi neste lugar e neste contexto que certa vez eu olhei pra trás, já próximo do seu cume e num final de tarde, e percebi a beleza exótica da Serra do Salto. Não é de fato uma beleza esplêndida, pois eu diria que esta não parece se encontrar muito entre os cumes desta serra, mas sim a beleza da aventura, em ir além do comum e encontrar em lugares como este uma série de novos pequenos desafios.
Vários já receberam um relato neste blog: O Saltinho da Malhada, o Morro Campininha, Os Morros 1/2/3, as Cachoeiras da Panagro, o Morro Redondo, e outras cachoeiras próximas da Cachoeira dos Ciganos. Em mais um tira gosto de sábado á tarde, o Morro da Cruz foi o escolhido da vez. Pra quem se adentra na serra através do caminho que leva para as estradinhas de extração de madeira acima, os morros por onde se passa no meio são o Morro da Cruz á esquerda, e o Pedra Branca á direita. O Pedra Branca devo tentar um acesso através de uma trilha aberta que parte de uma propriedade particular próxima. O da Cruz atualmente há um tracklog que parte da última casa antes da entrada, que provavelmente deve ser uma trilha minimamente frequentada, mas que acabei não optando. Em vez disso, a ideia era me basear num track bem mais antigo e que eu encontrei por acaso, que fazia o acesso ao cume sugerindo um veio de água que dele desce, por ser mais aberto. Ao iniciar a subida, bem no meio entre o Cruz e o Pedra Branca, acabei não achando esse trajeto tão favorável quanto parecia na descrição. Ao chegar num paredão de rocha por onde descia um fraco fio de água e que obrigava o seu contorno, resolvi tentar ir pelo mato denso mesmo, com progressão lenta e facão constante, e chegando perto das 5 da tarde, já com 1:30h de trilha desde a chegada, começava a temer chegar bem no final do dia, e acabar tendo que voltar no escuro. Sei que não seria nenhum fim do mundo, mas era uma preferência minha evitar. O caminho seguia em geral retilíneo, com poucas necessidades de contorno e com uma inclinação tolerável, mas era muito fechado no geral. As vezes, no solo, tinha-se uma leve impressão de estar pisando onde um dia poderia ter sido pisado, mas estes curtos trechos não se mantinham por muito.
Eu esperava que chegando próximo ao cume as coisas melhorassem, mas fora uma diminuição na inclinação, o trajeto ficou mais fechado. Mas consegui chegar ao cume ás 17:40. Logo antes dele há uma primeira área com vegetação de cume mais baixa, semelhante á que eu vi também próxima ao cume do 1 (ambas áreas são inclusive bem parecidas na distribuição de vegetação baixa e alta nos cumes e próximos á eles), sendo que nesta área havia bem mais vestígios de passagem, provavelmente vindas da outra trilha citada. Elas também levavam, bem discretamente, até um mirante ao leste do cume, aparentemente o ponto mais aberto. Nele é possível ver desde o morro Ponta do Campo (NE da Serra do Salto), o Campininha e os mais próximos morrros 1, 2 e 3, além de outros um pouco mais distantes e serras no horizonte, como a da Baitaca e o Marumbi, o Araçatuba e a Serra do Mar de Guaratuba. E também, assim como durante parte da subida, o vizinho Pedra Branca fica em maior destaque. A descida foi muito rápida, feita em cerca de 30 minutos do cume até o carro, trecho que levou nada menos que 2:30h durante a ida.

Em primeiro plano, Pedra Branca. Ao fundo, Morro Redondo (esquerda) e Morro do Bairro Córrego Fundo
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| Ao norte, Serra do Marumbi, e bem além dele, Serra do Ibitiraquire. Enquanto isso, chuva na Baitaca, mais para a esquerda |
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| Ao fundo, Morro 2 - o segundo maior em altitude desta serra. Na minha visita anterior também cheguei a percorrer até este final de estradinha neste morro menor, afim de justamente ter uma visão mais próxima desta face do Morro da Cruz. |
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| O morro em último plano, um pouco mais para a esquerda, é o "3", o terceiro em altitude desta serra, que hoje já possui uma estradinha para extração de pinus aberta, embora não promova uma visão muito boa. Este outro mais ao centro eu cheguei também á percorrer sua estrada na última visita, mesmo que encoberto. |
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| Área próxima ao cume do Morro da Cruz. No dia havia vestígios de caminhos que cruzavam por esta área. |
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| Já nesta acabou sendo possível ver o morro maior desta serra, ao fundo do morro 2. Ambos tem uma diferença discreta de altitude |