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Pão de Loth via Leste e Cachoeiras "Secretas"

               

  Se é pra repetir, inove até na repetição. Fala-se as vezes nas cachoeiras acima das duas mais conhecidas da Serra da Baitaca - a que normalmente se acessa pela trilha do Pão de Loth, e a outra, questão de 100 metros ou até menos acima, que se acessa normalmente pelo Anhangava. Eu sabia que uma era vizinha próxima da outra, mas não sabia que era por tão pouco até essa vez. A trilha na lateral esquerda leva até a de cima, e segue da mesma forma adiante até outras 2 cachoeiras e algumas cascastinhas, com certeza menos frequentadas do que as de baixo, e na minha opinião, em conjunto tornam a ida até elas quase obrigatória em qualquer visita aos seus morros. O trajeto até a última cachoeira, mesmo que de fácil acesso, percorre cerca de 50% da distância até o Morro do Corvo, motivo pelo qual acredito ser questão de tempo até que haja uma trilha bem aberta até ele, como já poderia haver, se não fosse pela intensidade das taquaras invasoras que tomam conta dali adiante. Na trilha da primeira cachoeira, pude observar uma cobra da espécie Chironous Bicarinatus predando um lagarto da espécie Anisolepis Grilli (Fui informado por um estudioso no assunto, que viu minha postagem e disse ser um registro consideravelmente raro uma cobra desta espécie se alimentar de um lagarto).

              












              

              




 Cumprido o primeiro objetivo do dia, hora de ir conhecer uma discreta porém interessante cachoeira, bastante desconhecida, cujo percurso razoavelmente visível se inicia cerca de 700mt após a bifurcação com as cachoeiras anteriores. Embora seja visivelmente um local muito pouco visitado pela conservação do trajeto, havia restos de fogueira e de lixo próximo á queda.




 Retornando para a trilha do Pão de Loth, é hora de ignorar a entrada principal para encontrar outra, mais adiante, que acessa-o por "trás", mais exatamente através dos dois sub-cumes vistos como mais descampados por satélite, sendo que o mais alto deles é o próprio que se acessa pela trilha tradicional, logo antes de chegar ao cume Pão de Loth. Eu já havia pensado na execução deste trajeto, mas eventualmente vi publicações de um corredor de montanha que estava divulgando este supostamente novo trajeto, além de encontrar no Wikiloc um tracklog da mesma época.
 Ao passar um pouco da entrada para a Gruta do Itupava, encontro a entrada bem visível á direita, e logo fitas amarelas recentes me guiam por todo o trajeto. Desde o começo a subida é um tanto íngreme, e não demora muito para olhar no mapa e perceber que este caminho será mais cansativo que o tradicional, mesmo em suas melhores partes. 



 Ao chegar no primeiro sub-cume, as rochas de arenito comuns nas áreas mais descampadas fornecem áreas de descanso e de vislumbre. Uma árvore de formato chamativo anuncia que logo é hora de sofrer mais um pouco pra valer a viagem. Este próximo trecho até o próximo sub-cume é um pouco mais fechado, e embora com vegetação diferente, me lembrou um pouco a recente subida ao Caratuva pela Trilha da Conquista. A observação das fitas amarelas ajuda em um certo ponto á não errar o caminho, que induz o trilheiro á assim faze-lo. Neste momento boa parte do Pão de Loth foi abraçado por uma nuvem, mas ver que justamente o cume estava livre disto e prestes ao pôr do sol, deu o ânimo que faltava para alcança-lo á tempo. Como uma segunda grande surpresa deste dia, vi que nas nuvens atrás de mim, do lado oposto ao sol, formava-se o fenômeno chamado "Espectro de Brocken" que projetava uma auréola sutilmente colorida ao redor da minha sombra na nuvem. Com o pôr do sol finalizado, as cortinas do espetáculo se fechavam com a nuvem tomando conta do restante do morro, e pra finalizar, uma corridinha noturna pela rota normal até o IAT.