Pular para o conteúdo principal

São Paulo Quick Trip

  Um pouco cansado do ambiente de montanha todo o final de semana, e com saudades da sensação de uma road trip com turismo urbano, decidi usar o último final de semana de agosto para uma ideia que á muito tempo rodeava na minha mente, um rolezão compacto em São Paulo para caber em 36 horas e aproveitado o suficiente para compensar a viagem. Destinos marcados e após sair do trabalho no começo da tarde de sábado parti com a amada para a 116 rumo SP. Uma tarde ensolarada para ver pessoalmente as poucas montanhas do extremo sudeste paulista, que margeiam a rodovia e estão nos planos para quem sabe o ano que vem, como os cumes da Serra do Guaraú, a Serra do Braço Feio, a Serra da Virgem Maria (embora seu cume seja paranaense) e a Pedra Maior, em Ribeirão de Serra, visto de longe.
 Chegamos em São Paulo já encarando um pouco de trânsito ao entrar na cidade, já esperado para um começo de noite de sábado, e felizmente o único trecho assim da viagem. Acabamos passando por coincidência na Avenida Europa, um dos meus pontos que eu mais ansiava em conhecer durante os meus tempos mais "gear-head". Da mesma forma, passamos pela Avenida Paulista no caminho para a nossa hospedagem, o hostel Ipê, no bairro Liberdade, próximo da maioria das atrações do centro. Discreto como a maioria dos hostéis, compartilha da influência japonesa característica do bairro, e mesmo no seu quarto mais simples, oferecia um bom espaço para duas pessoas, ótimo chuveiro e café da manhã, tendo custado R$140 a diária.
 Saímos para conhecer a noite de 2 avenidas conhecidas da capital, a Paulista e a Augusta. O role não terminou bem, já que após jantar e caminharmos boa parte da Augusta, a Fernanda teve seu celular roubado de dentro da sua bolsa, provavelmente em algum momento de distração. Obviamente sabíamos do quão perigoso é São Paulo, e acabemos sendo vítimas logo na primeira hora na capital. Frustrada, a noite acabou ali mesmo, hora de resolver oque for possível na Pousada e descansar pra tentar salvar a viagem no dia seguinte.
 A missão de domingo era conhecer o máximo de São Paulo possível, e por mais que a megalópole seja gigantesca, dá pra se ver e entender muito da cidade se você se esforçar. Começamos o dia pelo Mercado Municipal, conhecido por sua arquitetura e vitrais, e visivelmente pela variedade de produtos, dos comuns aos exóticos. Mas ele, infelizmente, também já demonstrou mais um lado negativo da cidade. Localizado no Bairro Histórico, penamos um pouco para localizar uma vaga boa e segura. Pra isso acabou sendo necessário dar umas voltas nas quadras próximas, que parecia uma cracolândia, imunda e depredada. Em certo momento, encontramos uma vaga bem em frente ao portão do Mercado, e paramos, mas logo um flanelinha se aproximou, e vendo minha nítida cara de paulista á 30 anos, já mandou a letra: "Aqui a vaga é 20 reais, independente do tempo" - "20 Reais... Na rua?" "Sim, olha a placa ali, aqui é zona azul". Obviamente que seja lá oque fosse zona azul, não significava que pra parar o carro numa vaga na rua 7 horas da manhã, eu teria que dar 20 reais para aquele marginal. Se a noite terminou sendo roubados, o dia seguinte começou conosco rindo de nervoso ao entrar no Mercado, já dando uma prévia de como seria o resto. Encontrei, não tão longe da porta por onde entramos, cerca de 15 policiais militares tomando um café da manhã, e resolvi falar com dois deles a respeito da situação. Segundo eles, "Olha, a gente espanta esses caras, mas não adianta né, tão sempre aí, e a melhor coisa mesmo, pra não ter risco pra vocês, é acabar pagando, pra evitar qualquer problema com eles". Após uma sessão curta e grossa do quão inútil a polícia poderia ser para me auxiliar num problema tão simples, o outro, observando a minha cara, interviu "se quiser, quando vocês forem sair, procurem a gente que a gente acompanha vocês ao sair, para que eles não se aproximem". Conhecemos e nos encantamos pelo local, que do lado de dentro, possui muita gente honesta e trabalhadora, que faz um local especial para o paulista e para o turista, e que bem os recebe. Ao sair, "convido" os policiais para nos acompanharem até a porta, onde os dois "flanelinhas da prefeitura" fazem cara de paisagem do outro lado da rua.
 Perto dali, aproveitamos conhecer a Catedral Metropolitana de São Paulo, linda por dentro e por fora. Estava repleta de moradores de rua, á ponto de que nos assustamos pela quantidade, mas ao sair, vimos que nos há doação de alimentos nos domingos de manhã em frente á Catedral. Próximo ponto: Avenida Paulista, que fecha o trânsito de veículos nos domingos para virar um point de caminhada, ciclismo e comércio de rua. Definitivamente, um dos pontos altos da viagem, que em algumas horas se tornou repleta de pessoas, apresentações e comércio. Caminhamos boa parte da avenida, passando pelo Mirante 9 de Julho, pelo MASP, e pelo Méqui 1000. Em seguida, fomos para outro nome forte dentre as avenidas paulistas: a 25 de Março. Ali, a única coisa que incomodava era a insistência de alguns vendedores em nos arrastar para suas lojas, oque continuava mesmo após da mais sincera declaração de desinteresse. Após conhece-la quase por completo, almoçamos e o clima mudou de um céu limpo para um nublado curitibano prometendo pancadas e assaltos. Fomos conhecer o principal parque da casa, o Ibirapuera. Em uma grande área ao redor do parque, centenas de abutres com coletes verdes faziam a tão necessária segurança dos carros nas vagas em todas as ruas, afinal, numa cidade tão perigosa, eles são indispensáveis para um passeio tranquilo no parque. Estaciono numa vaga, e ainda achando que eles são os meros flanelinhas de "qualquer valor" como os de Curitiba, um se aproxima, vê a minha cara de Paulista vivido com mais de 120 anos de SP, e canta a letra: Aqui é zona *cor*, pela prefeitura, é 30 reais e pode ficar o dia todo. Fernanda, entre no carro. Pagarei 30 reais pra estacionar na rua quando o rodízio de carnes estiver incluso. Saímos e vi a proporção do negócio que se formava nos finais de semana ao redor do Ibirapuera, onde em cada vaga que esvaziava, um sujeito já estava lá para te receber. Encontramos uma vaga um pouco mais afastada, mas ainda segura e "felizmente desprotegida". Conhecemos todo o parque, alugando uma "bi-bicleta" e felizmente o tempo, por mais ameaçador, nos poupou de mais este problema.
 Em seguida, para cumprir a necessidade da minha velha personalidade Gearhead que queria ir para São Paulo na intenção de conhecer a Avenida Europa, passamos pelo famoso posto da Avenida, onde outros entusiastas automotivos passavam mais uma tarde de domingo contemplando as lasanhas e os exóticos que por lá rodavam. Próxima parada: Beco do Batman. O point é famoso pela arte de rua, impecavelmente executada por aquelas bandas, e que preenche o local de toda forma de expressão artística, e consequentemente, da Maria Joana.
 Em resumo - não vejo a hora de -não- ir denovo. Mais detalhadamente: São Paulo é uma cidade incrível com muito do que ver e fazer, sua importância, patrimônio e modernidade fazem com que o tédio não habite entre os principais sentimentos. Pelo contrário, na verdade, a emoção de ser roubado á qualquer momento preencheu completamente a minha pessoa. Sobra aproveitar oque a cidade oferece, mas nunca se sentir á vontade, e sair de lá com mais repulsa em se imaginar morando em uma cidade assim. Quando eu quiser me ferrar, prefiro o bom e velho Rio de Janeiro. 



















Posto do Gearhead brasileiro


Rodando o Parque Ibirapuera de bike


Monumento ás Bandeiras




Loja Armarinhos Fernando, na 25 de março. Empreendimento impressionante




Ação de Marketing na Avenida Paulista

O problema do país é a criminalização do crack