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Trilha da Mamona, Salto Cambará e Rio Poço Bonito

               

 Este Finados de 2022 foi uma mistura da já esperada chuva de finados, com um frio atípico para um fim de ano, chegando aos 9º. Por todo o país, protestos á favor de uma intervenção militar deixaram os mortos de segundo plano. A previsão ensolarada e quente de Santa Catarina era inalcançável pela enorme quantidade de bloqueios nas rodovias. Para o litoral paranaense, cuja rodovia só cruza perímetros urbanos na quieta Borda do Campo e na então bloqueada Paranaguá, resolvi mais uma vez gozar da ausência da tarifa de pedágio para fazer algumas coisas por lá, mesmo que no céu nublado e na garoa. 
 A Cachoeira do Rio das Pombas geralmente é acessada por uma trilha que parte do Hotel Mata Atlântica, apesar de haver um registro de um montanhista já falecido que fornece um acesso por outro caminho. Acabei esquecendo de baixar o tracklog, mas acreditei que o pessoal da Hotel permitiria o acesso, mesmo que diante de uma pequena taxa. Chegando lá, ninguém estava hospedado, e encontrei um funcionário que gentilmente disse que não havia problema em acessar a cachoeira. Enquanto eu me arrumava, o dono - ou um familiar dele, chegou em outro tom impedindo o acesso, dizendo que se algo acontecesse comigo na trilha, seria responsabilidade do Hotel, e não minha. Mas oras, por acaso eles mesmos não permitem o acesso á cachoeira á seus hóspedes? Mesmo supondo que seja algo permitido apenas á eles, suponho que seja a maior bobagem dizer que por eles simplesmente permitirem o acesso á uma pessoa, a minha integridade torna-se responsabilidade do hotel. Após o impedimento de acesso, não retruquei, apenas disse que o outro rapaz havia permitido. 
 Saindo dali, resolvi dar uma passada rápida num local que eu havia visto em uma postagem, virando á rua na direita do posto de Polícia Militar Rodoviária, sentido Matinhos. Quase no final da rua de chão, passa um rio, e nele há um grande poço de água cristalina e esverdeada. Parece que o local dá nome ao rio, cuja única referência que eu encontrei foi "Rio Poço Bonito"
 Próximo dali, logo antes do Parque Aquático Águas Claras, uma ruazinha leva á Captação de Água da Sanepar Cambará, devido ao rio de mesmo nome. Ali inicia-se uma trilha bem aberta que leva até uma cachoeira, conhecida tanto como "Salto Cambará" e também como o velho "Véu de Noiva". No local havia placas identificando como propriedade particular, mas por sorte encontrei um homem próximo da captação que me confirmou o caminho e permitiu a passagem. O percurso passa por um largo rio, e algumas pedras dos lados facilitam a passagem. Toda a trilha é aberta, com um ganho discreto de altitude, e alguns trechos onde a caminhada passa á ser por cima de um riozinho que se forma apenas com chuvas mais fortes. A área da cachoeira é grande, com a água escorrendo por uma longa rampa, lembrando a parte superior do Salto do Tigre, que é bem próximo dali, mas nesse caso, a queda termina em um poço ainda maior de água limpa e esverdeada. A trilha de acesso também leva á parte superior da cachoeira, e segue parece seguir mais adiante, mas não sei se á beira do rio. 
 De tarde, fui para a Estrada da Mamona, que se inicia ao lado da Igreja de São Sebastião em Morretes, para percorrer a "Trilha da Mamona", que nada mais é do que um antigo atalho entre as pessoas que precisavam se locomover entre Porto de Cima e a Estação Marumbi. Deixei o carro cerca de 500 metros após o começo da estrada, que eu já havia percorrido a pé ao conhecer o Salto Bom Jardim, ocasião na qual eu havia percebido que o meu carro poderia ter chegado até á beira da ferrovia. Dessa vez a estrada parecia estar um pouco pior, devido ao trecho logo após o local onde estacionei, mas após começar a caminhada, vi que realmente o carro poderia ter ido até lá. Mas a caminhada seria grande de qualquer maneira, e esses 1.5km restantes seriam percorridos em cerca de 20 minutos afinal. Mas se eu soubesse que no final eu optaria por fazer uma "travessia circular" voltando pela Estrada do Itupava, teria optado em deixar o carro em frente á algum comércio na praça da Igreja São Sebastião, que embora com seguro, me deixou um tanto preocupado durante toda a trilha por tê-lo deixado naquela rua, longe das casas do começo.
 O caminho até chegar á ferrovia passa por algumas casas com cães bem territorialistas. Um grau leve de subida mas nada que pese muito ou obrigue á descansar, mas o clima ajudou, ao contrário dos quase 40º do dia do Salto Bom Jardim. Toma-se a direita ao chegar na ferrovia, e nos próximos 4km, serão diversas vistas diversas antigas construções abandonadas á beira da ferrovia, pontes sobre rios, duas passagens dentro de túneis e dois trechos de trilha (para encurtar o contorno de curvas da ferrovia) até chegar na Estação Marumbi. O segundo trecho de trilha é um pouco mais exaustivo, por ser uma subida um tanto íngreme, e na minha ocasião, bastante lisa. O primeiro túnel é mais curto e atravessa-se rapidamente, mas o segundo é mais longo, mas com escapes laterais para um eventual imprevisto, e lanterna em ambos é essencial, além de perneira anti-cobra. Por fim, ao chegar na Estação após 1:20h de caminhada em bom ritmo, resolvi que voltar pela Estrada do Itupava, por imaginar que correndo eu levaria o mesmo tempo, e fecharia um circuito bacana. Acabou sendo um dia sem paisagens de tirar o fôlego, mas de um treino de cardio necessário e um ar puro pra fugir da tensão política recente.