O Pico Central é uma montanha um tanto ofuscada pela imponente presença do seu vizinho Jurapê, na Serra Dona Francisca em Joinville. Quando eu descobri seu nome e a existência de uma trilha até seu cume eu já havia ido ao Jurapê, mas pelos relatos eu já imaginei que uma ida no mesmo dia para ambos os cumes, somadas á viagem e á suposta dificuldade da trilha mais fechada ao Central, seria um tanto exaustiva. Joguei esse plano periférico para a temporada de 2023, mas num domingo em que os céus de Joinville causavam inveja nos céus paranaenses, me joguei nesta empreitada rumo ao misterioso Pico Central.
Como divide boa parte do seu percurso com a própria trilha para o Jurapê, vou resumir este trajeto já descrito melhor em outro post: Inicia-se por uma propriedade aparentemente privada mas sem nenhuma edificação ou cobrança por acesso, á beira de uma estrada onde há uma placa com informações sobre o Jurapê e uma pequena área de estacionamento. O trajeto é bem aberto e demarcado, potencialmente liso mesmo em trechos não íngremes caso tenha havido chuva recente (como no meu caso), e com ganho de grau de elevação gradual até se tornar exaustiva. Passa-se por um mirante e mais além por uma cachoeira, por um trecho de escalada em rocha com a ajuda de uma corrente até chegar á parte mais alta antes de descer até o vale onde se inicia a subida final ao Jurapê. Neste ponto, a entrada para a trilha do Pico Central é bem aberta e visível para a esquerda, mas logo com a queda de uma grande árvore a trilha desaparece por alguns metros até ser reencontrada novamente. Desta parte em diante, caminha-se no vale entre o Pico Central e o Pico Sul, em direção até um ponto onde alinha-se quase perfeitamente em direção ao "ponto final" do Pico Central. Antes de cruzar o rio que passa por este vale e iniciar a subida final ao pico, passa-se por uma das piscinas naturais mais belas que eu já tive o prazer de conhecer, com águas limpas e esverdeadas causavam uma tentação de tomar um banho ainda que a temperatura do dia não fosse nada condizente com isto.
Desde sair a trilha do Jurapê até o mirante do Pico Central, a trilha estava mais aberta e fitada do que eu achei que estaria, pelos poucos tracklogs e pela aparente pouca visitação do local. A trilha porém estava muito escorregadia na subida final, principalmente pela já citada chuva da noite anterior, que garantiu tombos dos quais eu não estava nada acostumado. Ao chegar no mirante do Central, há 3~4 pequenas áreas para camping com espaço para algumas poucas barracas em cada, mas que com certeza dificilmente serão completamente ocupadas. Dali, a visão para Joinville, Jurapê e Pico Sul é completamente recompensadora.
Vendo que o cume real do pico estava não muitos minutos dali, e possuindo os tracklogs para tal (embora fosse simplesmente uma linha reta), resolvi ir até lá antes de iniciar a descida, já que lá também estaria uma caixa de cume, segundo relatos. De cara já encontrei um mato muito fechado, que não chegava a obrigar um facão e ainda havia um sutil traçado de trilha aparente, mas deixava claro que além de que poucas pessoas visitam este pico, ainda talvez nem 1/4 delas vão além da área de camping. Mais adiante, ao encontrar pegadas de anta e fezes no solo, olho para minhas perneiras e para a minha calça e não acredito na quantidade de carrapatos que estavam ali, de todos os tamanhos. Eram na casa de centenas, e tantos pequenos que talvez fossem milhares. Ainda chegando ao cume e não encontrando nenhuma caixa de cume, volto para a área de camping para iniciar a pancadaria contra esses carrapatos já imaginando que seria um longo tempo dedicado em casa para achar esses desgraçados grandes e minúsculos em cada cm² da pele, e vários dias de marcas e muita coceira mesmo após extermina-los. Vendo melhor este pico por satélite em outra oportunidade, me chamou muito a atenção a talvez existência de um traçado de trilha e até uma área de camping em outra extremidade mais distante deste pico, que caso realmente seja oque parece ser, parece ser acessada da mesma trilha que leva até o cume, mas oque me intriga é que ela parece mais visível que a própria trilha e áreas de camping principais, oque é uma contradição com o estado da trilha que leva até o cume verdadeiro do Central.
Mais tarde, descida efetuada com sucesso, e com tempo de sobra. A famosa Cachoeira do Piraí estava perto e resolvi conhece-la. Sua grande dimensão á permite ser observada já de longe, e no máximo do que é permitido normalmente se aproximar dela, ainda impressiona muito sua beleza e grandiosidade. Como um atrativo inclusive histórico do município, a entrada é gratuita.




































