O Pico Jurapê foi o berço do montanhismo catarinense, e já havia passado muito da hora de retira-lo da lista de picos á fazer. Os relatos sempre evidenciavam um pico bastante exaustivo, pelo considerável ganho de elevação em dois curtos trechos, especialmente no final rumo ao cume, e pela necessidade de perder altitude antes dessa última subida. Como outros picos catarinenses, como por exemplo o Cambilera ou o Pico do Tabuleiro, eu acabei achando sua descrição em geral um tanto superestimada. Quinta-feita de Corpus-Christi, ainda me recuperando da pernada da travessia circular Guaricana-Ferreiro-Ferraria-Taipa de domingo, mandei a ideia para os amigos para fazer o Pico. Dois aceitaram, e partimos bem cedo para iniciar a trilha nas primeiras horas do dia, e após chegar no estacionamento á beira da estrada de chão em boas condições, ali estavam a placa com informações gerais da trilha, igual a presente no Castelo dos Bugres e no Morro Pelado, e pouco á frente, á esquerda, o início da trilha, de onde seria possível ver o Jurapê e seus vizinhos, se não fosse a neblina á essa hora. A trilha passa por uma porteira costumeiramente fechada (não com cadeado, a passagem é permitida), e mais adiante, toma-se uma entrada á esquerda, na primeira e única plaquinha que identifica a trilha do Jurapê em todo o percurso.
Placa com informações á beira da estrada, onde costuma-se estacionar o carro. O ponto de começo da trilha é na entrada por onde os bois da foto estão passando
Já vale dizer que embora seja uma trilha bem frequentada e bastante tradicional, não existem marcações com fitas (uma ou outra, no máximo), mesmo que existam algumas pontuais bifurcações que podem ocasionar em perdidos. Ali, segundo relatos, a trilha deveria manter-se como caminhada e ganhar inclinação gradualmente, embora na prática ela logo passa á forçar um pouco as panturrilhas, nada que fosse um problema, á não ser pelo fato da recente travessia circular já mencionada. Segue-se um caminho aberto, um tanto liso e potencialmente lamacento, e com constante variação entre trechos um tanto mais planos e outros inclinados. Adiante, a trilha torna-se subitamente mais íngreme, após passar por uma bifurcação em que deve-se tomar a "escadinha" de raízes á esquerda. Daqui em diante a subida do primeiro "cume" se inicia mais propriamente, e em alguns pontos existem alguns mirantes, sendo um deles um pouco mais amplo. Passa-se á ouvir mais ao lado o rio que logo será cruzado, onde ao chegar oferece uma boa fonte de água corrente, além de algumas fotos.
Retoma-se a subida até um ponto onde ela cessa e inicia-se uma curta descida, e então passa á subir um pouco mais, para enfim chegar á "descida principal da ida", que permite á vista adiante do falso cume do Jurapê, e chega á parte superior de uma grande cachoeira com vista para parte de Joinville, e para a base leste da montanha.
Inicia-se enfim a subida final, esta bastante íngreme e cansativa, frustrando constantemente por sua vegetação um tanto baixa dar sempre a impressão de que a o cume está próximo, reforçada por alguns nivelamentos que logo se tornam subidas novamente. Esse é o trecho mais penoso da trilha, mas subitamente o esforço é recompensado pelo que eu considero a vista mais bonita das trilhas da região, vendo grande porção da grande cidade de Joinville á leste neste primeiro mirante, o Morro da Tromba e o Cubatão á esquerda, a Serra do Saí (do Cantagalo), e o mar em dias mais abertos.
Á alguns minutos dali, no sentido oeste, está outro mirante, este com uma vista ainda melhor. Dali pode-se ver em destaque o Morro do Meio, vizinho do Jurapê, o Morro Pelado - separado do Jurapê pelo Morro do Vestido abaixo, e o Castelo dos Bugres, assim como outras serras no horizonte. Após muitas fotos e boas conversas com as diversas pessoas que estavam no cume, iniciamos a descida, esperando concluir a trilha em duas horas, como pontualmente conseguimos, após termos subido a montanha em 2:50, em ritmo bastante agressivo e evitando parar. A média de tempo da montanha, sem muito peso, é de 3 á 5 horas. Por último, vale dizer que a propriedade onde a trilha se inicia, ainda mais em um dia favorável, é belíssima.
Morro do Vestido em primeiro plano, e logo ao fundo, Morro Pelado
Morro do Meio. Sua trilha se inicia pouco á frente da metade da trilha do Jurapê, sem marcação.
Parte "de trás" do Morro da Tromba
Serra do Saí, onde fica localizado o Morro do Cantagalo