
A trilha do Pico Garuva parte próxima á área urbana da cidade que lhe empresta o nome, dando-lhe uma vista espetacular e quando foi por mim conquistado, já estava mais do que na hora. Acompanhado do meu colega David, companheiro oficial de trilhas nos anos de pandemia, partimos de Araucária antes do sol nascer e chegamos com muita neblina em Santa Catarina, dando um aviso do tanto de sol que veríamos naquele dia. Geralmente os visitantes deixam seus carros no posto de gasolina logo ao lado do trevo que dá acesso á cidade, mas antes de viajar procurei um ponto que parecesse seguro na rua mais próxima do começo da trilha, porém ainda do lado oposto da rodovia. O local parecia seguro, e ao menos nesse dia cumpriu com essa expectativa. Atravessamos a rodovia e percorremos a vila que dá acesso á trilha, essa que já não parece ser tão segura, não pela carência em que moram aqueles que ali vivem, mas sim por dois relatos de pessoas que foram roubadas ali á noite, quando terminavam a trilha. A trilha segue por uma estrada de chão até então não muito boa para seguir com um carro adiante, e após um tempo adentra-se floresta a dentro. A trilha por toda a sua extensão é bem demarcada, e praticamente não surgem pontos de dúvida sobre qual caminho seguir. Percorre-se na mata mais de 1.5km de uma sutil inclinação até que ela passe á se tornar íngreme, e gradualmente se torna cansativa, afinal, é um pico com mais de 1.200 metros de altitude. Em certo ponto ainda antes da trilha se tornar mais íngreme, surge uma bifurcação á direita, que com o apoio de diversos corrimões feitos com fitas e cortas, leva em cerca de 5 minutos até uma bela sequência de cascatinhas e uma piscina natural, que valem a visita.

Mais adiante na trilha, ela passa á ter alguns ponto de visão para o leste, que já tornam a cidade de Garuva bem visível. É necessário cuidado em um certo ponto onde um grande buraco surge no meio da trilha, e que seguir adiante distraído custaria caro. Em alguns trechos, surgem cordas para auxiliar a subida, mais devido ao solo que se tornaria bem liso caso úmido. Mais adiante, chega-se ao "Platô 980", nome dado devido á altitude, de onde é possível uma ótima visão de toda a área de Garuva abaixo, a Pedra Branca de Araraquara, imponente montanha pertencente á Guaratuba, e logo acima já tornam-se visíveis o Pico Garuva á direita, e o Jurema á esquerda, unidos pelo colo onde a trilha saíra mais adinante. Nesse platô é muito comum o camping de moradores da cidade de Garuva e região, não porque os encontramos, mas sim pela quantidade absurda de lixo no local.

Adiante, hora de pagar o resto da subida, que não dá muitas tréguas na sua intensidade. Chegamos enfim no colo entre os dois picos, e após um almoço já um pouco tarde, resolvemos partir sentido ao Jurema. O meu colega não pareceu muito interessado em ir até ele no pico, mas foi logo convencido pela minha insistência. Ir até lá e sair com menos do que tudo, não era minha intenção. A trilha logo torna-se visível adiante, mas garanto que o uso de um tracklog será bem vindo para evitar pequenos erros, já que o trajeto possui muitas curvas, e um entra e sai de vales algumas vezes. Quando a vegetação começa a te obrigar á passar empurrando-a, como sempre, o cume se aproxima. Um falso cume depois e logo chega-se á cereja do bolo, uma rampa que dá uma vista sem igual só pede que você tenha consciência na hora das fotos, pois a queda abaixo não garante sobreviventes.
Mais um lanche e o tempo passando, resolvemos voltar logo para o colo, já que não se sabe se poderíamos ter alguma surpresa até a subida final até o Garuva. Chegando lá, a trilha descampada torna-se um passeio no parque se comparada ao Jurema. Dali o ponto alto é uma visão melhor do setor sul da Serra do Quiriri ao oeste, de onde também se avista o Monte Crista, comum ponto final de quem faz uma travessia ligando os dois picos.
Hora de mais umas fotos e hora de descer, com uma certa preguiça, mas logo animando-se no ritmo da volta. Subimos em cerca de 4 horas até o colo entre os picos, e descemos em cerca de 2 horas, tentando não ter que depender das lanternas, mas que logo tornaram-se necessárias para terminar o trajeto. Passamos atenciosos pela vila até a rodovia e do outro lado o possante aguardava seu uso. Um dia sem defeitos.













































