O Amaryllis é um primo do Morro do Arreio, situada do lado oposto a ele em relação ao Morro do Getúlio, ou seja, entre o Getúlio e o Camapuã. Ele se assemelha com uma crista do Itapiroca, mas é considerado um morro a parte. Assim como o Arreio, passa sempre imperceptível por muitos montanhistas, algo de se esperar, dado que as montanhas ao redor são sempre o roteiro principal.
A primeira vez que eu mesmo dei alguma atenção ao mesmo foi ao encontra-lo no Wikimapia, no final de 2020. Ao pesquisar mais á respeito, não encontrei nenhum vídeo, foto, trilha ou qualquer informação á sobre, a não ser por um vídeo do Jean di Santi em seu cume. Adicionei o morro na minha lista pessoal de cumes á serem conhecidos, já sabendo que por mais que da sua proximidade do Getúlio e do Itapiroca, alcança-lo seria um pouco desafiador pela ausência de trilhas.

Eu passei a supor inicialmente que seu acesso mais fácil seria a partir das extremidades do cume do Morro do Getúlio. Guardar segredo de uma trilha que percorresse toda a crista até o cume, desde a Fazenda Pico Paraná, seria muito improvável. Mas embora o acesso á ele pelo cume do Getúlio também fosse válida, recebi uma dica de que o Amaryllis já foi acessado na verdade a partir das placas que identificam a bifurcação do Caratuva/Pico Paraná/Outros, e se já foi acessado por ali, resolvi tentar.
Trilha para o Morro do Getúlio



Morro Amaryllis visto do Getúlio

Reservatório de garrafas de água, ao lado das placas Caratuva/PP/Outros
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| Queda de água na segunda passagem de rio |



Ao chegar no ponto onde há diversas garrafas de água para uso em incêndios, procurei primeiro para tentar identificar uma trilha consolidada ou traços de uma, em vão. Eu sabia que deveria descer o vale até o rio que forma a Cachoeira da Fazenda PP, e na outra margem retomar a subida até o cume. O trajeto até o rio foi um vara-mato que variava entre trechos bem fechados e outros em que era possível desvios, com muitos bambus, cipós, grandes raízes e solo bastante variável, tanto em relevo, tanto em firmeza. Em cerca de meia hora alcancei o rio, mas antes mesmo de atravessa-lo, percebi que eu passava por um trecho em que claramente foi-se utilizado. Aí, considerei que ao atravessar para a outra margem, deveria tentar identificar uma trilha. Do outro lado, passou a ficar evidente um trajeto, não como uma trilha demarcada qualquer, mas sim os vestígios contínuos de idas anteriores. (vale dizer que pouco tempo depois, atravessa-se rios por mais 2 vezes. Todos tem pouco fluxo de água, mas é necessário aproximar com cuidado já que em todos são um tanto sujeitos á acidentes envolvendo quedas em suas margens). Assim, com o auxílio do GPS e de sua bússola, sabendo que afinal o caminho era subir, o trajeto, que seria três vezes mais extenso que o das placas até o rio, teria uma melhor progressão. Apesar disso, bambus e cipós dominavam o caminho, onde ainda os rastros desapareciam e só voltariam mais adiante, bifurcações e gigantes bromélias cortantes conforme eu me aproximava do cume. A bússola do gps apontada para o cume foi essencial para me manter seguindo os vestígios do trajeto, já que muitas vezes desvios eram necessários. Como o dia não estava quente, segui em bom ritmo até o cume e o alcancei em 3 horas (a partir do estacionamento). O cume é coberto por densas árvorezinhas (desculpe não saber identificar a espécie) daqueles cheios de galhos que se entrelaçam e tornam trabalhoso para atravessa-los, mas não que isso seja muito necessário, já que no cume real não possui nenhum bom ponto de observação devido á essas árvores (onde elas acabam sendo mais altas) e pouco antes do cume está o verdadeiro ponto de observação e "fim da linha", que são algumas pequenas rochas onde se permite a visualização dos picos Ferreiro, Taipabuçu, Caratuva, Itapiroca, Cerro Verde, Luar, Camapuã e Tucum. Além da bússola, estar acompanhado e com mais de um celular marcando o trajeto, além de facão e perneira anti-cobra são bons auxílios para o cume do Amaryllis.
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| Morro Amaryllis, sub-cumes e represa do Capivari (drone) |



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| Itapiroca e Cerro Verde |
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| Caratuva e Itapiroca |
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| Vista encoberta do Taipabuçu e Ferraria |
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| Cerro Verde |





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| Tucum, Camapuã e cume do Amaryllis |