Obviamente, cada montanha é única, assim como cada região possui suas peculiaridades. A beleza transborda em todas elas, mas algumas regiões se destacam por alguns elementos que a tornam únicas. O Ibitiraquire costuma ser seu próprio relevo - e o Pico Paraná, que é cercado por seus irmãos menores e que cada um proporciona sua própria experiência. A Serra do Capivari possui o elemento da represa do mesmo nome, que embeleza as subidas até seus cumes. A Serra das Canavieiras ou da Prata possuem uma vista privilegiada da Baía de Paranaguá e do oceano. E a Serra do Quiriri possui por toda sua extensão uma vegetação baixa e clara que, principalmente em dias de céu aberto, contrasta e brilha todos os morros de sua serra.
Os problemas? Os acessos e as limitações. Como são diversas áreas privadas, que muitas vezes seus donos se juntaram para modificar as regras e impedir passagens, a cada vez deve-se atentar como chegar ao ponto desejado. O acesso pela estrada de chão que vai mais longe, até a Fazenda Alto Quiriri, é extremamente acidentada, onde só os veículos mais adequados chegam, e mesmo lá, a segurança e os portões limitam suas intenções. Não que importe muito, afinal sua posição ainda é um tanto distante dos pontos de interesse. Rotas alternativas envolvem subir a partir da BR-376, vencendo sempre mais de 1000 metros de altitude que costumam levar mais de 5 horas. Porém, mesmo que ainda não fosse muito o problema, as rotas existentes não atendem muito bem os melhores pontos de interesse, pois a rota mais importante, que dava acesso direto á Pedra da Tartaruga, a chamada Rota do Queijo, seu proprietário não permite mais acesso. As outras opções, que seriam subindo via Monte Crista ou Pico Garuva, demandam uma caminhada de mais de 9km até a Pedra da Tartaruga, e mais de 12km até o Marco da Divisa.
Então só sobra a Confloresta para nos acudir. Ela é a empresa proprietária das plantações de Pinus ao norte da Serra, e faz divisa direta com ela. Entrando em contato com os responsáveis pela liberação de visitantes ao local, eles permitem acesso mediante pagamento, diferenciado para um dia apenas ou para acampamento. Dirige-se por toda a propriedade até a entrada da Serra, e em 4 trechos de subida, o chão é muito liso e acidentado, exigindo boa direção e pouca dó do veículo para seguir em frente. Na chegada existem três pequenas áreas de estacionamento, mas suficientes para parar vários carros. Pouco adiante, a trilha começa por uma entrada no mato á direita, saindo da estrada de chão que segue á frente, e pouco tempo depois o cenário do Quiriri já se torna presente. A trilha é bem demarcada, inclusive sempre visível por imagens de satélite, mas principalmente á partir da travessia do primeiro rio a seguir, o conhecido "Rio Coca-Cola" por sua cor característica, passa a existir diversas trilhas e se torna difícil identificar a mais adequada para o seu destino, como o Marco da Divisa e o Morro do Munhoz no meu caso, que são os mais próximos dessa Serra, alcançados geralmente em 1 hora ou menos á partir do estacionamento. O Rio Coca-Cola, que se atravessa tanto no começo da trilha tanto nesse trecho onde adquire melhor sua cor dourada, é o que determina a divisa entre os estados, assim como o Marco da Divisa, que é o mais conhecido, mas existe outro igual no território da Confloresta. Poucos metros á partir do marco, chega-se ao nosso ponto de acampamento, o Morro do Munhoz, localizado logo em frente ao imponente paredão da Pedra da Divisa, que também pode ser acessado, mas por outra longa trilha. Do Munhoz é possível ver em destaque a Pedra Branca do Araraquara, assim como boa parte da área e da cidade de Guaratuba. A Serra da Prata e a Serra da Igreja, próximas da BR-277, também são visíveis ao norte.
* Atenção: Como já dito no artigo, as regras de acesso continuam sujeitas á mudar, então consulte algum guia de trilhas, grupos experientes ou procure o pessoal que fornece acesso á Confloresta para consultar os preços e as condições atuais.