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Cachoeiras Gêmeas, Tombo de Água e do Cupim



 Assim para com as montanhas, eu demorei para dar o devido valor para as opções de quedas de água na serra do mar paranaense, e quando vi o quanto essas experiências poderiam fazer por mim, foi questão de aguardar o próximo verão chegar para ir mergulhando nesse tipo de aventura, e mergulhando também no hábito de encarar as frias águas até o ponto que elas se tornassem um prazer único e libertador.
 Ainda limitado ás cachoeiras que costumam ter o mínimo de informação disponível online, faltavam algumas cachoeiras de uma ponta a outra de Morretes que resolvi conhecer todas no mesmo dia: As Cachoeiras Gêmeas, Tombo de Água e as do Morro do Cupim. Saindo cedo e chegando no Recanto Lacerda no começo da descida da Estrada da Graciosa, estacionamento bastante usado para quem vai adentrar nas trilhas do Marco 22, eu já havia estado ali antes na minha ida ao Morro Chapéu de Sol, este que sua trilha imediatamente se diverge da trilha das Gêmeas logo em que se adentra no Marco 22. Acabei desde o início da trilha acompanhando um grupo de fotógrafos, trilheiros e biólogos que estavam á busca de serpentes e aves exóticas na trilha até as Gêmeas, o qual pode acompanhar um pouco de suas buscas. Nesta trilha, como todas as outras na região do Marco 22, é comum a presença de cobras e por isso é sempre recomendado o uso das medidas adequadas para evitar acidentes, que se resumem em atenção e perneiras para tal. A trilha é bem demarcada, mas é indispensável o uso de gps/tracklogs devido a grande quantidade de picadas e trilhas secundárias. Todo o trajeto até a cachoeira é descida, partindo dos 820 metros de altitude no Marco 22 até os 450 metros na cachoeira, numa trilha de 2km de extensão. Não me recordo muito bem do tempo que levei na ida, mas foi provavelmente menos de uma hora, em bom ritmo, e cerca de 1 hora também para o retorno, este que é mais complicado devido á inclinação e também á trilha tornar-se bastante escorregadia com o retorno dos visitantes da cachoeira. Ao chegar até o rio da cachoeira, o Mãe Catira, e andar por um curto trecho até próximo das Gêmeas, há uma entrada para a esquerda, que dá acesso apenas á um mirante limitado e um pouco mais alto que a parte inferior da cachoeira, onde é possível vê-las por um outro ângulo. Para acessa-las corretamente é necessário atravessar o rio por um trecho que merece bastante cuidado, pois a correnteza do rio é um pouco forte entre essas pedras. Logo em seguida surge o ponto alto da trilha, as belíssimas e espetaculares Cachoeiras Gêmeas do Mãe Catira, definitivamente mais marcantes do que se vistas apenas por fotos, e formando algumas piscinas interessantes para mergulhar. É possível também acessar a parte de cima da Cachoeira por um acesso á direita dela, mas que merece muita atenção e cuidado, pois qualquer erro ali pode levar á uma queda fatal nas rochas abaixo. Na parte superior, além de uma visão mais ampla do Morro do Sete visto ao sul, existem algumas cascatinhas e piscinas naturais mais adiantes, mas nada como na parte inferior. Este local também é outro que merece muito cuidado, evitando-se a borda, afinal a cachoeira possui o seu histórico de mortes que deve ser sempre lembrado.

















                    

                    













 Voltando para a Estrada da Graciosa, a próxima parada era uma cachoeira bastante frequentada, á beira da Rodovia Mário Marcondes Lobo, a PR-411: A Cachoeira Tombo de Água. Ela possui dois acessos principais, ambas próximas e bastante frequentadas: Uma no Poço Preto, local onde os frequentadores costumam saltar próximo do asfalto num fundo e perigoso poço do Rio que dá nome á cachoeira, e outra na Curva do Félix, que sempre fica completamente lotada de gente nos domingos quentes, e que na minha opinião é a melhor forma de se atravessar o rio. Do outro lado da margem, logo identifica-se a trilha, e deve-se seguir na direção contrária da correnteza do rio que atravessou. A trilha é fácil e bem demarcada, praticamente sem desníveis, e percorre 1.1km até chegar á cachoeira, geralmente feitos em menos de 30 minutos. Nessa extensão, surgem algumas entradas para pontos interessantes no rio ao lado, com boas áreas para nadar e evitar as áreas que estão sempre cheias. Atravessa-se o rio 2 vezes até chegar á cachoeira, travessias tranquilas, e a cachoeira agrada muito por sua beleza e também por uma boa área para banho. Por ser provavelmente a trilha mais conhecida e de fácil acesso de Morretes, ela é muito frequentada, e assim infelizmente todo tipo de gente a frequenta. Em dias quentes, os tipos que deixam muito lixo e os que fazem churrascos e levam caixas de som na beira da cachoeira podem incomodar aqueles que vão querendo pouco além do som da queda de água.

































Pensei em conhecer também a Trilha da Mamona, antiga trilha utilizada por funcionários das empresas ferroviárias para acessar a estação Marumbi mais rapidamente, mas já imaginei que perderia a oportunidade de conhecer mais uma cachoeira na região, e esse quase foi o caso. A Cachoeira Cupim, ou do Morro do Cupim é acessada pela BR-277 na mesma saída em que dá acesso á Cachoeira do Jajá, mas ao invés de entrar nessa propriedade, toma-se o caminho á esquerda. Eu já sabia que o início dessa estrada de chão era um tanto ruim, então resolvi deixar o veículo perto da entrada do Jajá, mas mais depois descobri que se acessa-la pela Estrada das Canavieiras e pegar em seguida a Estrada da Candonga, o trecho é melhor e é possível encurtar pelo menos um pouco a pernada. A via passa por propriedades bem interessantes, sobretudo a quando se aproxima do começo da trilha, quando á beira de uma cerca é possível ter uma linda visão da Serra da Boa Vista ao leste, como também da Serra do Marumbi e a da Farinha Seca. Logo em seguida chega-se a uma linda propriedade abandonada, que me pergunto qual seria exatamente sua função, embora pareça ser talvez um restaurante ou uma pousada. Aos fundos dela inicia-se a trilha em si, que varia em desníveis positivos e negativos sem muita inclinação, e passa a acompanhar o Rio Candonga, ao qual pertence a Cachoeira. Em alguns trechos em que se intercala com o rio, é preciso um pouco de atenção para seguir a trilha correta. Chega-se á cachoeira, muito bonita, embora com certeza não chame tanta atenção quanto ás outras. Possui uma queda de água bem vertical e sem muita água, mas gera abaixo alguns pontos para banho caso seja o interesse. Ela se estende um pouco mais acima, mas como já estava escurecendo e passei a ter problemas com o celular, resolvi retornar logo, já que também não conseguiria tirar mais fotos. E foi o fim de mais um belo e proveitoso dia de verão, o dia inteiro com a roupa alternando-se entre completamente encharcada e meio seca, e enchendo a memória de lembranças.