Em um grupo do Facebook sobre locais e história da Serra do Mar, um membro ativo pergunta sobre um tal "Cassino" abandonado em uma ilha próxima á Morretes, posta sua imagem de satélite e localização. Logo a comunidade fica curiosíssima acerca do local e os boatos logo aparecem, e reforçam a hipótese de que o local seria um Cassino clandestino que teria sido descoberto e fechado, ou impedido de entrar em funcionamento. Mais adiante, chega a história que parece ser mais compatível, trazendo junto também fotos do proprietário e da sua família no próprio local: "O casarão abandonado nunca foi um cassino, era apenas uma casa de campo/sítio de uma família. O patriarca faleceu e os familiares e herdeiros simplesmente abandonaram, o restante dos móveis e bens que deixaram na casa foram todos saqueados. A casa começou a ser construída no início da década de 80, ficou um tempo parada, retomaram na década de 90, mas não foi finalizada." Na minha ida ao local, que pode ser acessado alugando-se um barco no Iate Clube de Morretes, uma das moradoras disse que durante a construção do local, dois construtores do local, incluindo um mestre de obra, morreram afogados ao naufragarem no rio enquanto faziam transporte de material para a obra. Ela também reafirmou os relatos de que as obras feitas nas vigas do local foram esculpidas por um reconhecido artista da região, o "Baianinho", também seu antigo amigo de escola, que no local pude ver sua assinatura em algumas das vigas.
Chegando no local após cerca de 15 minutos de barco, atraquemos e primeiramente há uma construção abandonada que deveria servir como refúgio inicial e local para guarda de mantimentos e materiais. Ao chegar no casarão, a primeira coisa á ser notada é uma imagem de Lemanjá na extremidade do primeiro andar da casa. O local é acessado por uma escada na parte inferior, onde há uma enorme quantidade de morcegos em todas as áreas, e onde também deve-se tomar cuidado com a presença de bois que foram deixados no local. Nesse local há também uma área que liga verticalmente a parte inferior ao teto da casa formando uma espécie de jardim botânico, bem no centro. Ao subir as escadas, chega-se a cozinha, e logo após ao salão principal, com uma enorme lareira e com um bar. Estão ali também banheiros separados como se fossem por sexo, oque reforça a ideia de que o local poderia ser um empreendimento. Neste andar há diversos quartos, e uma extensa varanda onde estão as principais obras esculpidas nas vigas, de imagens de santos e plantas, que percorrem toda a extensão da sacada, mas estão incompletas em certo ponto. Os caixilhos de algumas portas também receberam os desenhos. No andar superior, estão quartos maiores e principais, além de escadas que levam á mais algumas peças ainda mais acima. Um dos quartos mais ao canto possui uma sacada com uma escada que leva ao ponto mais alto da casa, onde se pode ver panoramicamente a região.
A casa está abandonada á muitos anos, fortemente saqueada e depredada, e com a ação do tempo condenando diversas partes da estrutura. É um local interessantíssimo e que levanta muitas perguntas sobre sua história e suas verdadeiras intenções.