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Os Dois irmãos - Rio de Janeiro

Da primeira vez que eu estive no Rio de Janeiro eu conheci a Pedra da Gávea, e essa experiência me foi uma paixão á primeira vista, embora não tivesse sido minha primeira trilha na viagem, mas foi definitivamente a mais intensa. Embora seja um local bastante conhecido e frequentado, para mim foi algo que representava ter encontrado alguma coisa que me fizesse sentir na minha melhor versão. Mas isso, em 2015, foi algo que levou até 2018 para começar á amadurecer direito.



Altitude: 533 metros 
Altitude da base: Aproximadamente 30 metros (Praça do Vidigal) e 220 metros (começo da trilha)
Distância da trilha: 3km (ida e volta)
Duração (variável): Entre 40 minutos á uma hora em ritmo tranquilo
Pontos de água: Nenhum, embora é comum pessoas vendendo conveniências no cume
Localidade: Rio de Janeiro, favela do Vidigal
Dificuldades: Trilha fácil, aberta e bastante movimentada. Turistas não costumam ser importunados, já que também são uma das principais fontes de renda da população da comunidade. Porém, como qualquer lugar, e ainda por se tratar de uma região socialmente perturbada em uma cidade com muito histórico de violência, requer sempre um pouco mais de atenção. Embora seja uma favela "pacificada", não é difícil encontrar relatos de assaltos. Por pelo menos um período de 2020, houveram reportagem mostrando que estava sendo cobrado a entrada de 5 reais por visitante na entrada da trilha, cobrança anunciada por cartazes e cobrada por um homem que fica na porta da trilha como se fosse ligado á um controle municipal, mas que na realidade a cobrança seria liderada por traficantes da região. Well, River of January, ain't i right?


Em 2016 eu estava no Rio de Janeiro novamente, após um ano sem fazer viagens mais longas do que as de um domingo, resolvi repetir a trip. Nessa, dei atenção também para um pico que eu custava á acreditar na sua beleza: O dois irmãos, que se inicia no topo da favela "pacificada" do Vidigal. A montanha um tanto longa porém de curta espessura, forma uma parede que se levanta para a Favela da Rocinha, e embora pareça baixo em relação com a Gávea, possui uma das vistas mais insanas da cidade.
 Após descer de ônibus logo em frente á comunidade, na chamada Praça do Vidigal, já há uma fila de pessoas, entre turistas e principalmente moradores, para os moto-taxi que sobem o Vidigal. 5 reais para moradores, e 20 para turistas. O turista brasileiro, evidentemente paga mais, já que os 20 reais do turista não custa os 20 do brasileiro, mas hein, ninguém está te impedindo á subir a pé... Pego a carona e desço com as pernas moles, afinal para alguém que nunca andou de moto, subir numa garupa frenética de alguém que faz aquele trajeto centenas de vezes por dia no meio de um trânsito desregrado e curvas fechadas com um olhar de quem não gosta de "gringo" acaba sendo quase suficiente pelo dia todo. Lá em cima, pedi a orientação para um morador para o começo da trilha, que apontou para o canto da quadra de futebol em que estávamos como o começo da trilha, e lá fui. Como já era de se esperar, uma trilha bem demarcada como deveria ser, que após três curvas praticamente se alinha com o cume e segue reto. Em certo ponto a trilha se aproxima da face da montanha de frente para a Rocinha, e ali existe um mirante que sempre convida á parar e vislumbar as montanhas que fazem parte da floresta da Tijuca, a Pedra Bonita e a Pedra da Gávea, e o mar de lajes retorcidas na Rocinha, onde poucas ruas passam perto daquelas milhares de casas e barracos banhados por caixas de água.
Segue-se trilha acima e logo a crista vai ficando mais evidente, até um ponto também em que a vegetação vai se tornando mais baixa e desta vez o mar do lado do Vidigal é que se torna atração, logo antes de se alcançar o cume. No cume, o segundo irmão está logo á frente da visão obtida ao leste, com a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Pedra da Maroca, o Corcovado, o Pão de Açúcar, Niterói e tudo mais que o sol alcança. Lá decidi que eu esperaria para ver a cidade á noite, retornei para ver o por do sol no mirante com a vista mais abaixo, e esperei o evento. Depois retornei mais uma vez ao cume para registrar a vista, embora infelizmente na época meu equipamento fosse bom, mas não tanto quanto hoje, e também minha forma de registrar esses momentos mudou. Desço a trilha em ataque e desço o Vidigal agora em câmera lenta. Um ônibus e um metrô dali e estou no hostel me alinhando para a montanha do dia seguinte, meu reencontro com a Gávea.